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DF avança na corrida espacial e lança em 2021 satélite para levar comunicação a áreas remotas do país

Por Marília Marques, G1 DF

Adaptações: Alexandre Torres

Guará News

Nanossatélite terá o formato de um cubo, com aresta de 10 centímetros e peso em torno de 1,5 quilo — Foto: UnB/Divulgação

Nanossatélite terá o formato de um cubo, com aresta de 10 centímetros e peso em torno de 1,5 quilo — Foto: UnB/Divulgação

Um nanossatélite desenvolvido pela Universidade de Brasília (UnB) coloca o Distrito Federal na rota da tecnologia aeroespacial. O equipamento, que deve ser lançado no fim de 2021, pesa 1,5 quilo e pretende levar a comunicação por meio de áudio e texto (SMS) para regiões remotas do país.

O projeto batizado de Alfa Crux – em referência a uma estrela da constelação Cruzeiro do Sul – custará, ao todo, R$ 1,6 milhão, financiados pela Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP-DF), instituição vinculada à Secretaria de Ciência e Tecnologia e Inovação do DF.

A pesquisa ocorre há cerca de um ano e está na fase da compra de equipamentos para construção do satélite e da estação terrestre, sediada na Faculdade de Tecnologia do campus Darcy Ribeiro, na Asa Norte. O professor do departamento de engenharia elétrica da UNB Renato Alves Borges, que coordena a pesquisa, explica que o dispositivo ficará a 500 quilômetros de altitude do solo, transitando pela camada conhecida como “órbita baixa da Terra”.

“O satélite vai sobrevoar o Brasil, em média, duas vezes por dia. Com a área de cobertura grande, conseguiremos aproveitar diversas passagens dele sobre o país.”

Professor Renato Alves Borges, do departamento de engenharia elétrica da UnB, coordena projeto Alfa Crux — Foto: IEeE/Divulgação

Professor Renato Alves Borges, do departamento de engenharia elétrica da UnB, coordena projeto Alfa Crux — Foto: IEeE/Divulgação

O pesquisador, que também é membro do Instituto de Engenheiros Elétricos e Eletrônicos (IEEE), explica ainda que o satélite será capaz de coletar, por exemplo, micro dados climáticos de determinada localidade, como temperatura e umidade, e assim, via rádio, fornecer gráficos e informações que auxiliem o agricultor no cultivo da lavoura.

Além disso, o Alfa Crux é capaz de prover a comunicação em áreas remotas, de pouca infraestrutura, como florestas e matas densas na Amazônia, por meio da banda estreita – uma versão alternativa à conexão banda larga. “A banda estreita tem uma capacidade melhor de contornar obstáculos, coletar dados ou prover comunicação tática. Quando a mata é densa, é comum perder comunicação”, explica Alves.

“Essa tecnologia facilita a comunicação por meio de rádio de mão, via satélite, quando se está afastado de torre de retransmissão em solo.”

Para o professor, o desenvolvimento do satélite e da solução apresentada ao problema da comunicação em localidades afastadas dos grandes centros “coloca o DF em posição de vanguarda”. Apesar da inovação, o pesquisador explica que a tecnologia “é complementar” ao que é usado por outros estados e países.

“A inovação está em possibilitar a transmissão simultânea por meio da banda estreita. Esta será a primeira missão espacial financiada pelo governo do DF.”

Tecnologia na prática

Satélite desenvolvido na UnB — Foto: IEE/Divulgação

Satélite desenvolvido na UnB — Foto: IEE/Divulgação

Além de favorecer a comunicação em áreas tidas como remotas, como na Amazônia, a tecnologia do satélite Alfa Crux pode favorecer a conectividade em plena capital do país. Em Brasília, que será uma das áreas de cobertura do equipamento, o satélite poderá potencializar a conexão em áreas de transição, como nas rodovias que ligam o DF ao Entorno, em Goiás.

A estação de solo, que irá se comunicar com o satélite no espaço, será construída na UnB. Além do professor do departamento de engenharia elétrica da UNB, o projeto é desenvolvido por mais 13 pessoas, entre professores, alunos e servidores técnico-administrativos.

Lançamento por foguete

O satélite que deverá ir para órbita da Terra é uma espécie de cubo, com 10 centímetros de aresta e pesa 1,5 kg. A estrutura será lançada por um foguete. O modelo do transporte e a empresa que vai fornecer o veículo lançador ainda não foram definidos.

Além da UnB e do governo do DF, a Agência Espacial Brasileira (AEB) também está envolvida no projeto. Segundo os pesquisadores, o satélite é o meio mais eficiente de estabelecer a conexão, nesses casos, na comparação com drones e balões, que estariam mais sujeitos a sofrer avariações com o tempo.

Para o secretário de Ciência e Tecnologia e Inovação (Secti-DF), Gilvan Máximo, a missão pretende “transformar Brasília na primeira cidade inteligente da América Latina” e deve posicionar a capital como referência em inovação no país. “Para isso, o desenvolvimento em áreas estratégicas como a telecomunicações, segurança e mobilidade são essenciais”, afirma.

“A missão Alfa Crux é um passo importante nessa caminhada, pois, além de desenvolver uma importante solução de comunicação para essas e outras áreas, assinala o potencial que a capital federal tem na produção de novas tecnologias e conhecimentos capazes de solucionar as principais demandas não apenas do DF, mas de todo o país”, diz o secretário.

Outras iniciativas

Em agosto de 2015 um nanossatélite também criado por estudantes da Universidade de Brasília foi lançado ao espaço a bordo de um foguete japonês.

O aparelho serve para coletar dados principalmente sobre o meio ambiente brasileiro. O equipamento foi patrocinado pela Agência Espacial Brasileira, e o projeto custou cerca de R$ 3 milhões.