Servidora que teria licenciado Naja: “Tem esquema dentro do Ibama”
Adriana Mascarenhas revelou que não há controle na emissão de licenças envolvendo animais que passam pelo DF, entre elas cobras exóticas
ATUALIZADO 07/08/2020 6:21
A servidora chegou gravar um vídeo em que nega qualquer envolvimento com o tráfico de bichos.
Por meio de seu advogado, Rodrigo Videres, a servidora revelou não haver controle na emissão de licenças envolvendo animais que passam pelo DF, entre elas cobras exóticas como as criadas pelo estudante de medicina veterinária Pedro Kambreck, 22 anos, que ficou em coma após ser picado pela Naja que mantinha em cativeiro.
“É preciso ficar claro que o Centro de Triagem de Animais Silvestres (Cetas) não possui estrutura física nem humana para cuidar dos animais que chegam lá. Muitas pessoas se aproveitam desse cenário para conseguir ter acesso a animais que são liberados em razão da falta de capacidade do Ibama em mantê-los. Esse cenário acaba favorecendo esse esquema para a emissão de licenças. Ninguém no Ibama sabe se depois do processo esses animais são vendidos clandestinamente”, explicou o advogado.
De acordo com o advogado, outros servidores do Ibama teriam emitido licenças sem o decido controle. “Existe uma pressão para o andamento dessas liberações, pois envolve um número grande de animais que, muitas vezes, não tem como ser mantidos”, disse.
Videres comentou, ainda, que as cobras exóticas apreendidas na operação Snake sequer teriam passado pelo Ibama. “São serpentes que saíram de forma clandestina de seus habitats e chegaram ao Brasil e no DF também na clandestinidade”, disse.
Acidente
Em vídeo, a servidora narrou não ter relação com o caso envolvendo o estudante de veterinária. Adriana garantiu que em 25 anos trabalhando no Ibama nunca havia tido seu nome envolvido em nenhum caso ou respondeu por algum processo disciplinar.
Nas imagens, Adriana contou que sofreu um acidente em 3 de julho deste ano e, após ser atropelada por uma moto, estava de atestado médico até ser afastada, oficialmente, pelo órgão enquanto responde a Processo Administrativo Disciplinar (PAD).
“Fiquei hospitalizada até o dia 15 de julho e, no inicio desta semana, fiquei sabendo que eu era uma dessas pessoas arroladas por suposta participação em tráfico de animais. Não tenho porque mentir, nada irá desabonar minha conduta. Tudo não passa de um assédio moral que estou sofrendo desde abril do ano passado”, resumiu.