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Covid-19: pacientes de hospital público do DF ficam de bruços para melhorar respiração; entenda

Por Milena Castro*, G1 DF

 

Adaptações: Alexandre Torres

Guará News


Fisioterapeuta aplica técnica conhecida como pronação em paciente de hospital público do DF — Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde DF

Fisioterapeuta aplica técnica conhecida como pronação em paciente de hospital público do DF — Foto: Geovana Albuquerque/Agência Saúde DF

A técnica, reconhecida pela Organização Mundial de Saúde (OMS), é uma das formas de tentar evitar a entubação e já era usada em outras doenças respiratórias. Ela melhora a oxigenação dos pulmões, garantem os fisioterapeutas.

Segundo Estevão Diniz, coordenador de fisioterapia da emergência do hospital público, a técnica é utilizada nas primeiras 48 horas em pacientes que apresentam falta de ar. A posição é mantida por, pelo menos, 16 horas.

“Conseguimos perceber uma melhora significativa nos que têm dificuldade respiratória e baixa oxigenação. Inclusive, no momento da alta, estamos recomendando a técnica para ser continuada em casa”, diz o fisioterapeuta.

Ainda de acordo com Diniz, a primeira avaliação do paciente é feita após uma hora em posição prona. “A pronação é usada em conjunto com outras técnicas de fisioterapia motora e respiratória, o que contribui para uma melhor interação e resposta do corpo no combate à doença”, explica.

Casos graves da Covid-19 e a pronação

Um documento feito em março deste ano pela Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva(Assobrafir) aponta que uma parcela dos casos graves da Covid-19 pode desenvolver a Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA).

Os autores explicam que aproximadamente 14% dos pacientes evoluem para um estágio mais grave, que requer hospitalização, suporte de oxigênio e, por vezes, ventilação mecânica – a entubação. Esse grupo pode também desencadear em complicações como:

  • Sepse: doença desencadeada por uma resposta inflamatória sistêmica acentuada diante de uma infecção
  • Insuficiência Renal Aguda
  • Disfunção Cardíaca Aguda
  • Síndrome do Desconforto Respiratório Agudo (SDRA)

    Como é feita a pronação em pacientes com Covid-19 e os riscos

    Para a execução da manobra de posicionamento em prona, os especialistas sugerem a participação de três a cinco profissionais. Eles explicam que, embora a posição “de bruços” seja um recurso terapêutico que pode melhorar o processo de oxigenação de pacientes, é preciso ter cautela na indicação deste posicionamento durante a pandemia. “Principalmente em UTIs improvisadas, com time reduzido e não treinado”, diz a Associação Brasileira de Fisioterapia Cardiorrespiratória e Fisioterapia em Terapia Intensiva.

    “O posicionamento em prona é um procedimento que não está isento de riscos”, alertam os fisioterapeutas. Entre as principais complicações associadas são:

    • Edema (facial, vias aéreas, membros, tórax)
    • Lesões por pressão
    • Hemorragia conjuntival
    • Compressão de nervos e vasos retinianos
    • Obstrução, pinçamento ou deslocamento (intubação seletiva ou extubação não programada) do tubo endotraqueal
    • Dificuldade para aspiração das vias aéreas
    • Hipotensão transitória ou queda da saturação periférica de oxigênio
    • Piora das trocas gasosas
    • Pneumotórax
    • Obstrução ou pinçamento de drenos torácicos ou cateteres vasculares
    • Eventos cardíacos
    • Deslocamento inadvertido do cateter de Swan-Ganz
    • Trombose venosa profunda
    • Deslocamento de sonda vesical ou nasoentérica
    • Intolerância à nutrição enteral; vômito; complicações alimentares
    • Necessidade de maior sedação ou bloqueio neuromuscular
    • Dificuldade em instituir ressuscitação cardiopulmonar