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Pesquisa da UNB busca por cepas das variantes do Covid-19

Por Carolina Cruz, G1 DF

 


Teste do novo coronavírus é feito no Distrito Federal — Foto: Breno Esaki/Saúde-DF

Teste do novo coronavírus é feito no Distrito Federal — Foto: Breno Esaki/Saúde-DF

A equipe conta com 30 pesquisadores que participam de projeto em parceria com o Laboratório Central de Saúde Pública (Lacen-DF). Juntos, eles já analisaram mais de 40 amostras de infectados na capital desde janeiro. Os resultados ainda não foram divulgados.

Embora a Secretaria de Saúde do DF ainda não confirme variantes do novo coronavírus na capital federal, uma amostra da cepa britânica B.1.1.7 foi atribuída ao DF em banco de dados de pesquisadores divulgado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A secretaria afirma que a amostra foi encaminhada pelo Laboratório Central do Piauí (saiba mais abaixo).

Um dos coordenadores do estudo na UnB, o professor virologista Bergmann Ribeiro, explica que o sequenciamento mostra a estrutura do vírus. “Se você não sequencia, não sabe com qual vírus está lidando. É preciso fazer o experimento para comparar se há mutações”, explica.

Bergmann afirma que para evitar o surgimento de variantes é preciso vacinar a população “o mais rapidamente possível”.

“Fizeram a vacina para uma variante identificada lá atrás [no início de 2020]. A vacina ainda é eficiente, entretanto, se o vírus mudar demais, é possível que sejam necessárias vacinas anuais, porque será um anticorpo diferente”, diz o virologista.

 

Corrida contra o tempo

 

Idosos acamados recebem vacina contra a Covid-19 no DF — Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF

Idosos acamados recebem vacina contra a Covid-19 no DF — Foto: Breno Esaki/Agência Saúde DF

O pesquisador explica que as variantes são mutações que ocorrem no vírus durante as transmissões. “Todo vírus usa uma célula para reproduzir mais vírus. Nesse processo, ele pode acumular modificações genéticas e essa mutação pode favorecer o vírus de alguma forma”, afirma Bergmann.

O sequenciamento do genoma é importante não só para identificar variantes, mas também para desenvolver medicamentos e vacinas. Na Universidade de Brasília, o procedimento é uma das atividades de um projeto que envolve seis áreas diferentes, entre elas, computação e ecologia.

A UnB, por meio do Laboratório de Microscopia Eletrônica e Virologia do Departamento de Biologia Celular, foi a terceira universidade do país a sequenciar o genoma do novo coronavírus, em março de 2020. Mas foi apenas há cerca de três semanas que começou a analisar amostras em busca de variantes, após a aquisição de novos equipamentos e insumos adquiridos ao longo da pandemia, com financiamento da Fundação de Apoio à Pesquisa (FAP-DF).

A expectativa é examinar 150 amostras nas próximas semanas. De acordo com Bergmann, caso o projeto consiga arrecadar mais recursos, será possível ampliar o número de amostras.

O secretário de Saúde do Distrito Federal, Osnei Okumoto, disse em entrevista coletiva na última quinta-feira (18), que a amostra infectada com a variante B.1.1.7 do novo coronavírus atribuída ao DF foi, na verdade, encaminhada por pesquisadores do Piauí.

O resultado aparece em banco de dados divulgado pela Fiocruz. A organização explica que a plataforma é alimentada por um grupo de pesquisadores de laboratórios de diversas regiões.

“O grupo participa da iniciativa internacional de acesso aberto a informações sobre genomas de vírus influenza e coronavírus, a Gsaid, que produziu o infográfico das linhagens de Sars-CoV-2 circulantes no mundo”, afirmou a Fiocruz.

A cepa B.1.1.7, considerada por pesquisadores mais contagiosa, foi inicialmente identificada no Reino Unido. Até sexta-feira (19) haviam sido confirmados 12 casos de infecção no país, em São Paulo, Rio de Janeiro e Goiás.

Na entrevista coletiva, Osnei Okumoto disse que a amostra “teria sido coletada no Piauí, através do Lacen [Laboratório Central de Saúde Pública] do Piauí, e que foi encaminhada para o Instituto Adolfo Lutz, que é o laboratório de referência deles”.

Adaptações: Alexandre Torres

Guará News