Locais que acolhem idosos pedem doações de alimentos, roupas e companhia
Locais que acolhem idosos desabrigados no DF pedem doações de alimentos, roupas e, principalmente, companhia neste Natal, mas reforçam que ajuda pode vir durante todo o ano
“O que eu queria mesmo de presente de Natal era que alguém viesse me visitar, colocasse uma música do Roberto Carlos para tocar e passasse um tempo aqui comigo.” É o que diz Antônio Lisboa, 67 anos, morador do Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes. Ele está há seis anos no abrigo e se sente valorizado quando recebe doações, mesmo as que não são compradas. Em dezembro, o lar costuma receber mais atenção da população. Porém os funcionários ressaltam que esse sentimento decompaixão poderia durar o ano todo.
O Lar dos Velhinhos é aberto para quem quiser visitar e doar presentes, produtos básicos ou minutos de atenção aos abrigados. Priscila Fernandes, coordenadora e psicóloga, diz que a instituição sobrevive por causa dessas atitudes. “Temos um convênio com o Governo do Distrito Federal (GDF), mas não supre todas as nossas necessidades, só paga os nossos funcionários. Então, a gente aproveita ao máximo a disponibilidade das pessoas que ajudam com o que podem”, explica.
Novo ano, novos hábitos
O Lar dos Velhinhos Bezerra de Menezes também tem como tradição realizar a ceia de Natal no dia 25, adaptada para os moradores. Qualquer ajuda é bem-vinda, mesmo daqueles que doam um simples esforço na cozinha no grande dia. Angelina Pereira, 67, aguarda ansiosa o jantar. “Começamos a receber doações de alimentos, e isso é muito bacana, ter tantas pessoas contribuindo. Claro que dificilmente alguém vai conseguir dar 20kg de frango, que é muito. Mas, se cada um trouxer um pouquinho, a gente faz uma festa enorme.” Ela ganhou um presente antes do feriado. “Amo crianças. Na semana passada, uma garotinha de 3 anos veio me visitar e perguntou se podia ler para mim. Ela pegou um livrinho infantil e leu o Pai Nosso. Aquilo foi incrível”, afirma.
Angelina não costuma falar fácil sobre o que queria ganhar do bom velhinho, mas, quando muito questionada, confessa que fica chateada com a televisão do quarto. “A tevê é meio maluca, fica vermelha do nada, depois, fica preta e desliga sozinha. Ela também veio de doação, mas acho que ficou com defeito. Gostei, porque me faz companhia quando acordo cedo”, comenta. Quem vê de perto essas necessidades e desejos alerta para que o sentimento de caridade continue todo o ano, não somente em dezembro, mês símbolo das reflexões de vida e promessas.
Outro pedido de Lucienes é de que as boas ações não fiquem restritas a dezembro. “O coração fica mole no fim do ano, as pessoas ficam sensíveis. Mas isso não pode acontecer só neste mês. Se cada morador de Brasília colocar como meta de 2020 fazer doações às instituições, nem que seja um pouco, uma vez por mês, o Distrito Federal ganhará muito. E por que não se reunir em grupos e se comprometer a fazer isso?”, questiona. “Tem gente que não pode mensalmente dar uma ajuda boa, mas pode juntar 10 colegas do trabalho ou da igreja, talvez, e o grupo todo dar a mão aos abrigos”.