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Professora e PM batem boca na frente de alunos em escola militarizada no DF

Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa analisa denúncia.

Uma discussão entre uma professora e um policial militar acabou em denúncia no Centro Educacional 7 de Ceilândia, no Distrito Federal, nesta terça-feira (12). O caso foi levado à Comissão de Direitos Humanos da Câmara Legislativa do DF.

Segundo testemunhas, um dos PMs que atua na unidade entrou na sala onde a professora dava aula e começou a entregar advertências para alguns estudantes. A professora reclamou e mandou o militar sair, mas ele não atendeu.

Veja parte do diálogo:

Professora: Eu falei para ele que a turma é minha, a sala é minha enquanto eu estiver aqui dentro. Ele está sorrindo, fazendo chacotas, sendo irônico. Então, por favor…e pedi para ele sair da sala.

PM: Não, a senhora mandou eu sair da sala.

Professora: Sim, eu mandei você sair da sala.

PM: A senhora não tem autoridade para mandar eu sair da sala.

Acionada pelo G1, a Secretaria de Educação do DF informou que, “em relação aos acontecimentos ocorridos nesta segunda-feira (12), no CED 7 de Ceilândia, irá apurar os fatos para então se manifestar”.

Já a Polícia Militar disse que “todas as partes serão ouvidas e os fatos serão analisados pela corporação para esclarecer o ocorrido no Centro Educacional 07”.

Centro Educacional 07, em Ceilândia, no DF — Foto: Reprodução/TV GloboCentro Educacional 07, em Ceilândia, no DF — Foto: Reprodução/TV Globo

Centro Educacional 07, em Ceilândia, no DF — Foto: Reprodução/TV Globo

Professora: Alguém da direção, por favor, pode vir na sala do 9º D? O sargento Policarpo está me desautorizando na frente da turma toda. Dizendo que eu não tenho autoridade sobre esta sala.

Ele entrou para fazer advertências indevidas durante o meu período de aulas. Então, esse senhor está andando na minha sala, acabou de me desautorizar perante a minha turma e isso é inadmissível.

Eu falei para ele que a turma é minha, a sala é minha enquanto eu estiver aqui dentro. Ele está sorrindo, fazendo chacotas, sendo irônico. Então, por favor…e pedi para ele sair da sala.

PM: Não, a senhora mandou eu sair da sala.

Professora: Sim, eu mandei você sair da sala.

PM: A senhora não tem autoridade para mandar eu sair da sala.

Professora: Eu tenho autoridade sim, a sala de aula é minha, eu tenho autoridade senhor Policarpo.

Repercussão

Após a discussão, a Comissão de Direitos Humanos da CLDF registrou uma denúncia sobre o caso. Segundo o presidente da comissão, deputado distrital Fábio Felix (Psol), a ocorrência mostra que “policiais estão sendo destinados para as escolas do DF sem qualquer preparo para atuação em ambiente escolar”.

O Sindicato dos Professores do DF também divulgou nota. Segundo a entidade, “é lamentável o que aconteceu no CED 07 de Ceilândia dentro de uma sala de aula. Uma violência extrema com a professora na presença dos alunos no seu local de trabalho”.

Escolas militarizadas

CED 7 de Ceilândia iniciou o ano letivo com a gestão compartilhada com a PM — Foto: Victor Gomes / G1DFCED 7 de Ceilândia iniciou o ano letivo com a gestão compartilhada com a PM — Foto: Victor Gomes / G1DF

CED 7 de Ceilândia iniciou o ano letivo com a gestão compartilhada com a PM — Foto: Victor Gomes / G1DF

Desde o início deste ano, 12 escolas públicas do DF adotaram a gestão compartilhada com a Polícia Militar. Segundo a proposta do governo local, há uma divisão de funções entre militares e profissionais da educação.

São atividades desenvolvidas pelos militares:

  • Gestão disciplinar (supervisão do comportamento dos alunos)
  • Coordenar algumas atividades extracurriculares (como cursos e palestras)
  • Ações disciplinares voltadas à formação cívica, moral e ética

São atividades dos servidores da Secretaria de Educação:

  • Gestão administrativa da escola (financeiro e institucional)
  • Gestão pedagógica (conteúdo das aulas, provas e projetos)
  • Cumprimento do Projeto Político-Pedagógico, conforme Leis de Diretrizes Educacionais

O plano do GDF é implementar o projeto em 40 escolas até 2020. A Secretaria de Educação e a Secretaria de Segurança pública selecionam as escolas com base nos índices de vulnerabilidade da região.

Em seguida, a escola informa se adere, podendo ou não fazer debates e votação com a comunidade escolar para tomar a decisão. Desde o início do programa, duas escolas rejeitaram o modelo: o Gisno e o CEF 407, em Samambaia. Na segunda, no entanto, houve uma nova votação e a gestão compartilhada foi implementada.

Com adaptações: Alexandre Torres

Guará News