Grupo usava mulheres para entrar com drogas em vagina na Papuda
Operação da PCDF mira organização criminosa que agia para abastecer presídio com entorpecentes e celulares
RAFAELA FELICCIANO/METRÓPOLES
Coordenação de Repressão às Drogas (Cord) cumpre 16 mandados de busca e apreensão, sendo seis deles no Complexo Penitenciário da Papuda, além de quatro mandados de prisão. A operação, chamada de Galera Uno, faz alusão ao cárcere, um vez que, em italiano, “galera” significa cadeia. Até as 6h30 desta sexta-feira (20/12/2019), quatro pessoas haviam sido presas pela Polícia Civil do DF (PCDF).
O alvo é uma organização criminosa que burlava os mecanismos de segurança do presídio brasiliense para alimentar o tráfico e o consumo de drogas no Centro de Internação e Reeducação (CIR), uma das unidades prisionais.
Eles utilizavam um traficante que recrutava mulheres para agir como “mulas” e entrar no complexo com drogas nas partes íntimas.
As mulas realizavam cadastro para visitar outro interno, apelidado pela organização criminosa de o “cara do cadastro”, o qual, tendo ciência de todo esquema, era recompensado com dinheiro ou drogas. “Porém, ele não era o real destinatário dos entorpecentes. As porções eram repassadas ao traficante final, no caso outro preso responsável pela venda e administração do produto no interior do presídio”, explicou o diretor da Cord, delegado Rogério Rezende.
Segundo as investigações, cada mulher que aceitava entrar com as drogas no presídio recebia entre R$ 2 mil e R$ 3 mil a cada tentativa bem-sucedida de burlar a segurança da Papuda. Enquanto isso, o chamado “cara do cadastro” ficava com cerca de 20% do valor angariado pela venda do entorpecente no sistema.
Ainda no decorrer das diligências, os policiais descobriram que, além de introduzir drogas no sistema carcerário do DF, a organização criminosa também atuava transportando telefones celulares para dentro das cadeias. O plano era chamado de o “esquema do bonde”.
Apenas durante o período da apuração, a Cord identificou duas tentativas de entrada nos presídios feita pelo grupo criminoso, sendo que existem ao menos outras 15 que, provavelmente, foram realizadas pelos suspeitos alvos da operação.
Motorista e cobrador
As diligências policiais começaram em junho deste ano, no Recanto das Emas, quando equipe da Cord apurava a informação de que um motorista de ônibus de uma das empresas que circulam pelo DF usava a função para fornecer drogas a traficantes da cidade usando o próprio transporte público nas entregas.
Após o suspeito ser monitorado e filmado realizando as transações, os investigadores identificaram que o fornecedor do motorista era o cobrador, seu companheiro de viagens no dia a dia. “A dupla havia se associado para manter a distribuição de cocaína pelas ruas do Riacho Fundo, inclusive com utilização do sistema público de transporte na prática do crime de tráfico”, informou Rezende.
Em paralelo, o cobrador, segundo as apurações policiais, também se associou a um casal de traficantes – o homem cumpre pena na Papuda. A dupla e o cobrador montaram esquema para burlar a segurança do CIR e entrar com porções de drogas dentro do presídio.
Adaptações: Alexandre Torres
Guará News