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GDF se organiza para barrar projetos contrários ao Fundo Constitucional

GDF se organiza para barrar projetos contrários ao Fundo Constitucional

overno também quer mais autonomia sobre os recursos que garantem os salários de policiais civis, militares e do Corpo de Bombeiros


AG Agatha Gonzaga

Atualmente, reajustes no Fundo precisam ser aprovados pelo Congresso Nacional. Buriti quer transferir essa atribuição para a instância distrital(foto: Marcelo Ferreira/CB/D.A Press)

Usado para garantir o salário de policiais civis, militares e do Corpo de Bombeiros, além de prover investimentos às áreas de saúde e educação do DF, o Fundo Constitucional do Distrito Federal (FCDF) está em jogo no Congresso Nacional. Na Câmara dos Deputados, um projeto de lei complementar (PLP) busca a inclusão de municípios da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e do Entorno (Ride) na partilha da verba.

Além disso, um projeto de emenda à Constituição (PEC) tenta dividir o valor com o estado do Rio de Janeiro. De acordo com o secretário de Relações Institucionais do DF, Vitor Paulo, o GDF vai manter o diálogo aberto com o Congresso Nacional, para conseguir mais aliados na proteção do Fundo e barrar a aprovação das proposições.

Deputados federais José Nelto (GO) e Clarissa Garotinho (RJ) propõem destinar parte do Fundo ao Entorno e ao Rio de Janeiro, respectivamente
(foto: Lula Marques/Agencia PT)
(foto: Lula Marques/Agencia PT)
“Não temos como evitar que propostas como essas surjam. Isso sempre existiu. Mas vamos manter um diálogo permanente junto à bancada do DF para mostrar aos outros parlamentares que o Fundo não foi criado com o intuito de ressarcimento ou de desenvolvimento de nenhuma região”, explicou. Segundo ele, o Fundo Constitucional é necessário ao DF porque garante a despesa adicional com segurança, saúde e educação.
“Porque aqui ficam os Três Poderes, mais de 180 embaixadas… É um terço da economia do DF, imagina o número de autoridades que ficam em Brasília”, argumenta. Os dois projetos contra o fundo em tramitação no Congresso são de parlamentares de outras unidades da Federação. O primeiro é de autoria do deputado José Nelto (Podemos/GO).
O texto propõe a criação de um Conselho Administrativo para promover o desenvolvimento do Entorno com base no “financiamento com recursos do Fundo Constitucional do Distrito Federal”. De acordo com o deputado autor do pedido, a verba não pertence ao DF e não deveria abastecer a capital sem beneficiar os arredores.

“No Entorno, mora uma população que é discriminada, mas que só existe pela existência de Brasília. Então, o Brasil tem de cuidar dessa parcela que não tem direito a saneamento, não tem transporte, não tem saúde”, justificou.

Acerto de contas do RJ?

PEC da deputada Clarissa Garotinho (Pros-RJ) exige “ressarcimento” da União ao estado do Rio de Janeiro pelos prejuízos históricos decorrentes da transferência da capital do país para o Planalto Central. A divisão com o estado carioca ocorreria por 10 anos e, depois, os valores seriam repassados também a outras unidades da Federação.
Ibaneis é contra PEC que propõe ressarcimento para a antiga capital do país(foto: Renato Alves/Agência Brasília)
Caso a proposta seja aprovada este ano, a conta ficaria por volta de R$ 7,2 bilhões para o DF, e o mesmo valor para o RJ. À época da publicação do projeto, a deputada falou sobre o objetivo da medida. “A transferência da capital para o Centro-Oeste do país foi feita sem colocar em ação qualquer plano de compensações para o Rio, acionando uma ‘bomba-relógio’. O antigo Distrito Federal foi abandonado à própria sorte, sem qualquer perspectiva de futuro, após 197 anos na função de coração nacional”, disse.

Recentemente, o governador Ibaneis Rocha (MDB/DF) se posicionou contra o projeto de Clarissa Garotinho. “Não acredito que isso venha a acontecer. É um projeto equivocado de uma deputada que não tem a representatividade que imagina ter, mas é um direito dela. Ela pode propor e nós vamos trabalhar lá dentro com a conscientização de que esse Fundo Constitucional é do Distrito Federal”, defendeu.

Dificuldades para manter a iniciativa

Esta não é a primeira vez que o GDF precisa proteger o Fundo Constitucional este ano. Em agosto, uma decisão do Tribunal de Contas da União (TCU) suspendeu os pagamentos das pensões e aposentadorias da saúde e da educação por meio do FCDF. O GDF recorreu ao Supremo Tribunal Federal (SFT) para reverter a situação.
Meses antes, o TCU também determinou que o GDF parasse de recolher o Imposto de Renda incidente sobre os salários e proventos de funcionários da Polícia Militar, da Polícia Civil e do Corpo de Bombeiros. O governo do DF também recorreu da decisão. Nesse caso, o ministro Marco Aurélio de Mello, relator da matéria, suspendeu de forma liminar o acórdão.
Caso a medida tivesse seguido em frente, o impacto nos cofres do seria de R$ 680 milhões anuais, além de uma dívida acumulada de R$ 10 bilhões. Antes disso, a bancada do DF na Câmara dos Deputados já tinha se manifestado sobre o assunto. Projeto de lei de Celina Leão (PP/DF) e Erika Kokay (PT/DF) segue em tramitação com o objetivo de alterar a lei que institui o Fundo, acrescentando um parágrafo que garante o recolhimento dos impostos ao DF e não à União.

Equiparação

O GDF também busca a edição de uma medida provisória que transfira para o Executivo e o Legislativo locais a definição sobre o aumento dos salários das forças de segurança da capital, que são bancados com recursos do Fundo Constitucional. Atualmente, os reajustes precisam ser referendados pelo Congresso Nacional e pela União.
“Fica uma situação muito ruim (depender da aprovação do Congresso) porque deputados e senadores de vários estados que não conhecem as nossas necessidades vão analisar um texto de que, em tese, não têm conhecimento”, justificou o governador ao defender a medida, em setembro.

Linha do tempo

Confira acontecimentos relacionados ao Fundo no último ano

 
2018
 
31 de outubro
Bancada do DF derruba o PL nº 170/2007 que destinaria 10% do FCDF ao Entorno.
2019 
27 de março
TCU proíbe o GDF de arrecadar rendimentos das aposentadorias de PMs, policiais civis e bombeiros.
29 de março
Publicado PL nº 1897/2019, da deputada Érika Kokay (PT/DF) que busca alterar a Lei do Fundo Constitucional para incluir o direito de arrecadação de Imposto de Renda ao DF.
30 de abril
A PGDF (Procuradoria-Geral do Distrito Federal) recorre ao STF para continuar arrecadando rendimentos do Imposto de Renda incidente sobre os salários de PMs, policiais civis e bombeiros.
3 de maio
O ministro Marco Aurélio garante que o DF continue a arrecadar Imposto de Renda de PMs, policiais civis e bombeiros.
6 de agosto 
O deputado José Nelto (Podemos/GO) publica projeto de lei que inclui 33 municípios de Goiás e Minas Gerais na repartição do FCDF.
14 de agosto 
TCU proíbe a utilização do FCDF para pagamento de aposentadorias de servidores da saúde e educação.
19 de setembro 
Deputada Clarissa Garotinho (Pros/RJ) publica PEC que divide verba do FCDF com o Rio de Janeiro.
Adaptações: Alexandre Torres
Guará News