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Falta fiscalização. 14 prédios desabaram no DF em 2019; número é o dobro do ano passado

14 prédios desabaram no DF em 2019; número é o dobro do ano passado

Edifício que desmoronou em Fortaleza traz preocupação para o DF, que registrou 14 casos neste ano. É o dobro de situações em comparação com todo o ano de 2018


Em Taguatinga Sul, a varanda do terceiro andar de um edifício ruiu no sábado, deixando uma mulher ferida(foto: Thiago Cotrim/CB/D.A Press)

Entre 1º de janeiro e 15 de outubro, o Distrito Federal registrou 14 desabamentos de edificações. O número é duas vezes maior do que as ocorrências de todo o ano de 2018, com sete registros. Águas Claras é a cidade com mais incidentes nos dois anos: três em 2019 e dois no ano passado. A Defesa Civil informou que não há um motivo específico para o aumento e que as causas de cada situação são investigadas. O alerta para o risco aumentou após um prédio de sete andares ruir em Fortaleza (CE), na segunda-feira, matando três pessoas. Até o fechamento desta edição, os bombeiros continuavam a busca por sete desaparecidos nos escombros do edifício localizado em área nobre da capital cearense.

No DF, o caso mais recente aconteceu no sábado, na Vila Dimas, em Taguatinga Sul. A varanda de um prédio despencou do terceiro andar. Ana Carolina Veiga de Araújo, 25 anos, limpava a laje e caiu com a estrutura. A vítima precisou ser transportada pelo Corpo de Bombeiros para o Hospital Regional de Taguatinga (HRT) com dores no braço direito, na perna esquerda e na virilha.
O incidente preocupou moradores e comerciantes da região. Dono de uma loja de sapatos próxima ao prédio, William Guimarães, 50, disse que essa é a primeira vez que ocorre um desabamento nas proximidades. “O caso foi estranho, porque nunca houve algo parecido antes. Confesso que só agora as pessoas ficaram mais apreensivas e com medo de que isso possa acontecer novamente”, afirmou.
O coordenador de Operações da Defesa Civil, tenente-coronel Sinfrônio Lopes, explicou que no DF, geralmente, os desabamentos são parciais, como a queda de um muro ou de uma marquise. “Muitas dessas situações ocorrem por efeito externo, como um vazamento da Caesb (Companhia de Saneamento Ambiental do DF). Mas reformas feitas no interior do imóvel também podem alterar a estrutura da edificação e apresentar riscos. É muito comum as pessoas aumentarem as marquises, quebrarem paredes, colocarem porta de blindex e móveis que extrapolam o peso que uma varanda suporta, por exemplo. É preciso observar toda a estrutura antes de fazer qualquer mudança”, orientou.
Até esta quarta-feira (16/10), a Defesa Civil interditou 93 construções em risco na capital federal. Entre as principais ameaças estão infiltrações e vazamentos. No total, foram emitidos 695 termos de notificações em construções com danos em telhados, muros, garagem, laje ou no próprio imóvel por falhas nos padrões de segurança. Em 2018, o órgão registrou 954 ocorrências.
O especialista e professor de engenharia civil da Universidade Católica de Brasília (UCB) Li Chong ressaltou que os números apresentados pela Defesa Civil ocorrem com o crescimento desordenado das cidades. “Alguns incidentes coincidem com a saída da estiagem para o inverno, e algumas regiões não possuem drenagem, o que causa o descalçamento das edificações e a modificação das estruturas”, detalhou.
Li destacou, ainda, que toda obra precisa de acompanhamento de um responsável técnico, seguindo as normas da ABNT, como a de número 16.280, que rege as diretrizes da reforma. “O engenheiro ou arquiteto deve apresentar um projeto e cumprir as regras em relação à altura, por exemplo. Além disso, não pode infringir o plano diretor da cidade. Isso tudo será seguido por um profissional habilitado”, completou.

Fatalidade

Em outubro de 2017, o técnico de edificação Agmar Silva, 55, morreu soterrado pelos escombros de um prédio de seis andares em Colônia Agrícola Samambaia. Ele vistoriava a construção em uma área irregular quando o prédio desabou parcialmente. O profissional conversava com dois colegas na hora do incidente. Outros funcionários estavam do lado de fora, almoçando. O corpo de Agmar foi encontrado 60 horas após o início das buscas. Cerca de 30 militares participaram do resgate.
Em março de 2018, a Justiça do Distrito Federal determinou que a construção fosse totalmente demolida, devido ao risco. O pedido para a derrubada partiu do Ministério Público do Distrito Federal e Territórios (MPDFT). A obra não tinha licença ambiental e ameaçava sofrer novo desabamento. Quase um ano após o incidente, a construção foi implodida.

Atenção

Pedidos de vistorias e denúncias podem ser feitos pelos telefones 199 (Defesa Civil) e 156 (Ouvidoria do GDF). Em casos de urgência, acionar o Corpo de Bombeiros (193) ou a Polícia Militar (190).
Adaptações:
Alexandre Torres
Guará News