De luvas a desfibriladores, falta tudo em ambulâncias do Samu-DF
De luvas a desfibriladores, falta tudo em ambulâncias do Samu-DF
Órgão sofreu forte corte de orçamento entre 2015 e 2018, na gestão Rollemberg. No primeiro ano do atual governo, repasses voltaram a subir
JULIA BANDEIRA /METRÓPOLES
Sucateamento
Segundo Newton Batista, diretor do Sindate, o sucatamento do Samu começou no ano de 2015, com cortes brutais de investimentos no programa. Ele diz que uma das perdas mais significativas foi a desobrigação de ambulâncias circularem com dois técnicos e um motorista. Agora, a maioria roda com apenas o condutor e um técnico.
“É impossível fazer um atendimento 100% eficaz. Se você acompanhar o trabalho do Samu, vai perceber que em muitas ocorrências os técnicos têm de pedir ajuda a populares ou familiares para colocar pacientes na maca. A falta de efetivo é gritante”, reclama.
A redução no orçamento do Samu comentada por Newton é confirmada por números. Durante todo o governo de Rodrigo Rollemberg (PSB), houve significativa diminuição de recursos empenhados ao serviço. Em 2015, o GDF conseguiu executar 95% de um total de R$ 15.968.391,49 repassados pelo Ministério da Saúde.
No ano seguinte, o valor caiu para R$ 9.002.777,2, contando com 88% de execução. Em 2017, o Samu obteve um pequeno respiro e recebeu R$ 9.368.090,52. No entanto, no último ano da gestão socialista, a verba despencou para R$ 5.767.654,80, configurando somente 52% de recursos liquidados.
Por outro lado, já em 2019, primeiro ano da gestão de Ibaneis Rocha (MDB), o Samu voltou a empenhar quase 100% do dinheiro enviado pelo governo federal. De janeiro a dezembro, foram destinados ao Serviço R$ 13.059.425,03, o que representa 95% do montante encaminhado pela União.
Ministério critica Samu do DF
O Samu do DF é um serviço criado em 2003 e subordinado ao Ministério da Saúde. Ele é destinado ao atendimento e resgate de pacientes em situações de urgência e emergência, seja na rua ou em domicílio, onde haja a necessidade de intervenção especializada imediata e remoção para hospitais e unidades básicas de saúde (UBS). Embora os recursos sejam provenientes da União, quem faz a gestão deles é o Palácio do Buriti.
Em 2017, nota técnica do Ministério da Saúde escancarou os problemas no Samu da capital do país. Responsável por fiscalizar a execução do orçamento enviado para as unidades da Federação para investimento no serviço, o órgão federal apontou deficiência na manutenção dos veículos, ambulâncias sem higiene adequada e índice de atendimento abaixo do recomendável.
Pela má-gestão, a União chegou a cortar, na gestão de Rollemberg, parte dos repasses ao Samu do DF. Segundo o Ministério da Saúde, em 2019 foi feita nova inspeção e o diagnóstico é que, apesar de ainda apresentar problemas, o atual governo melhorou o serviço. Assim, a verba voltou a ser transferida em sua integralidade ao GDF.
Um dos pontos positivos foi a recente aquisição de 19 novas ambulâncias e 20 motolâncias, que são motocicletas equipadas para socorro rápido. Elas são usadas principalmente quando veículos maiores têm dificuldades para chegar ao local em função de congestionamentos, por exemplo.