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Carnaval 2020 no DF: entenda impasse sobre desfile das escolas de samba

Por Luiza Garonce, G1 DF

 

Carnaval 2020 no DF: entenda impasse sobre desfile das escolas de samba Carnaval 2020 no DF: entenda impasse sobre desfile das escolas de samba

Renato Alves / Agência Brasília

Desde o início da gestão do governador Ibaneis Rocha (MDB), a Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec) do Distrito Federal sinaliza intenção de retomar o desfile das escolas de samba– que não ocorre desde 2015 – no carnaval da cidade.

No ano passado, as agremiações acabaram se apresentando junto a blocos de grande porte, e o ex-secretário Adão Cândido propôs um desfile fora de época, no aniversário de 60 anos de Brasília, em abril de 2020.

Universidade de Brasília vai ser homenageada no desfile da escola de samba Acadêmicos da Asa Norte — Foto: Mariana Costa/UnB AgênciaUniversidade de Brasília vai ser homenageada no desfile da escola de samba Acadêmicos da Asa Norte — Foto: Mariana Costa/UnB Agência

Universidade de Brasília vai ser homenageada no desfile da escola de samba Acadêmicos da Asa Norte — Foto: Mariana Costa/UnB Agência

Com a virada de ano, a expectativa da União das Escolas de Samba do DF (Uniesb) era de que as 21 agremiações pudessem, de fato, desfilar como antigamente. No entanto, elas foram consideradas “inabilitadas” no edital do Fundo de Apoio à Cultura (FAC) que vai destinar R$ 5 milhões para o carnaval.

Do montante, a Uniesb ficaria com R$ 1,2 milhão, mas o valor acabou redistribuído entre os 66 blocos e plataformas carnavalescas classificadas na etapa de mérito. O processo ainda vai passar por duas etapas de admissibilidade, para entrega de documentos obrigatórios e checagem de informações. Mas, por enquanto, as escolas de samba não estão entre os beneficiados.

Negociações

Bateria da escola de samba Aruc, do Cruzeiro, em Brasília — Foto: Ândrea Possamai/DivulgaçãoBateria da escola de samba Aruc, do Cruzeiro, em Brasília — Foto: Ândrea Possamai/Divulgação

Bateria da escola de samba Aruc, do Cruzeiro, em Brasília — Foto: Ândrea Possamai/Divulgação

Diante deste cenário, as escolas buscam emendas parlamentares e tentam negociar com a Secretaria de Cultura outra forma de obter investimento público.

O secretário, Bartolomeu Rodrigues, disse ao G1 que o interesse da pasta é que “haja condições para as escolas retomarem o desfile” e que pretende se reunir com Ibaneis logo que o governador voltar das férias, na próxima terça (14).

“Estou aguardando o governador chegar [de férias] para ver de que forma o GDF estará disposto a ajudar e quais serão as condições para isso”, disse. “Eu não posso fazer nada que seja fora do escopo da legalidade.”

Mestre-sala e porta-bandeira da escola de Samba Unidos da Brasília, de Cametá, desfila no carnaval de 2012. — Foto: Rodolfo Oliveira/Agência ParáMestre-sala e porta-bandeira da escola de Samba Unidos da Brasília, de Cametá, desfila no carnaval de 2012. — Foto: Rodolfo Oliveira/Agência Pará

Mestre-sala e porta-bandeira da escola de Samba Unidos da Brasília, de Cametá, desfila no carnaval de 2012. — Foto: Rodolfo Oliveira/Agência Pará

Bartô disse, ainda, que “há um leque de opções” às quais a União das Escolas de Samba pode recorrer – a maioria sem o intermédio do GDF, como emendas parlamentares e recursos da iniciativa privada. “Mas isso não é com a secretaria.”

“O Estado, no que diz respeito à sua obrigação definida por lei, está fazendo sua parte: que é contribuir com as agremiações. Estamos fazendo isso por meio do FAC. Não queremos um carnaval estatal.”

“Carnaval é pra brincar, mas com dinheiro público não se brinca.”

Foliãs no carnaval de rua de Brasília em 2019 — Foto: Secretaria de Cultura do DF/DivulgaçãoFoliãs no carnaval de rua de Brasília em 2019 — Foto: Secretaria de Cultura do DF/Divulgação

Foliãs no carnaval de rua de Brasília em 2019 — Foto: Secretaria de Cultura do DF/Divulgação

O presidente da Uniesb, Geomá Leite (conhecido como Pará), disse ao G1 que passou cerca de 30 dias, entre outubro e novembro, à procura de deputados distritais para conseguir emendas, mas as negociações acabaram não saindo como o desejado.

“Alguns deputados tinham fechado com a gente, mas voltaram atrás e usaram as emendas no réveillon. Disseram que vão nos ajudar a partir do dia 3 de fevereiro, mas aí já não dá mais tempo.”

“Todos os samba-enredos estão prontos, as pessoas estão trabalhando, fazendo fantasias, preparando carros alegóricos. Mas sem aporte financeiro não tem como.”

Ala das baianas em uma das escolas de samba do DF no carnaval de 2011 — Foto: Divulgação/ Agência BrasíliaAla das baianas em uma das escolas de samba do DF no carnaval de 2011 — Foto: Divulgação/ Agência Brasília

Ala das baianas em uma das escolas de samba do DF no carnaval de 2011 — Foto: Divulgação/ Agência Brasília

Pará destacou que até mesmo com o FAC, a realização do desfile seria um desafio, pela magnitude dos preparativos. “O montante que a gente previa para as escolas era de R$ 3 milhões a R$ 5 milhões. Quando saiu o edital, disseram que seria um ‘pontapé’ para completar os gastos com estrutura.”

Segundo ele, cerca de 1,5 mil pessoas trabalham diretamente nas 21 escolas de samba de diferentes regiões do DF. Indiretamente, eles estim que as atividades das agremiações envolvam cerca de 20 mil pessoas por ano.

“Nós desenvolvemos, além de tudo, um trabalho com a comunidade. Somos lutadores da cultura popular.”

Adaptações: Alexandre Torres

Guará News