Automutilações têm aumento de 93% em cinco anos e taxa de suicídios é maior entre homens no DF
Dados fazem parte de levantamento do Setembro Amarelo. Mês de valorização da vida e prevenção ao suicídio termina nesta segunda (30), mas atenção aos sinais continuam; veja como se manter alerta.
Por Nicole Angel*, G1 DF
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Campanha do Setembro Amarelo — Foto: Divulgação
Segundo a Secretaria de Saúde do DF, o número de automutilações e suicídios é crescente. O último boletim epidemiológico, divulgado nessa segunda, mostra que houve umaumento de 93% nos casos de automutilações, entre 2013 e 2018 ,no Distrito Federal.
Números assustadores
Os casos em que a pessoa se mutila, como tentativa de suicídio, cresceram 49,3% no Distrito Federal, entre 2013 e 2018. Os suicídios também aumentaram.
As vítimas, em sua maioria, tem idade entre 20 e 39 anos. Veja os números:
Automutilação – de 2013 a 2018
- 1.881 registros
- 1.329 mulheres
- 552 homens
- Faixa etária: maioria entre 20 e 39 anos
Suicídios – de 2013 a 2018
- 980 casos
- 73,7% vítimas eram homens
Suicídios em 2018
- 183 casos e
- 125 homens
- 58 mulheres
Suicídios em 2019
- 78 casos até 1º de agosto
- 57 homens
- 21 mulheres
Taxa de suicídios é maior entre homens, diz OMS. — Foto: Pixabay
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que o suicídio é a segunda principal causa de morte entre jovens com idade de 15 a 29 anos. Os mesmos levantamentos ainda afirmam que cerca de 800 mil pessoas tiram a própria vida no mundo, a cada ano.
Mesmo se tratando de um grave problema de saúde pública, os suicídios podem ser evitados se identificado em tempo prévio. Estudos do Ministério da Saúde apontaram que o risco de suicídio é reduzido em 14% em municípios com a presença de Centros de Atenção Psicossocial (CAPS) e Centros de Valorização a Vida (CVV).
“Permitir que as pessoas desabafem e falem sobre seus sentimentos sem receber críticas é um meio de evitar que se busque na morte a solução para as dores”, afirma a porta-voz do Centro de Valorização a Vida (CVV), Leila Heredia.
Sinais de que alguém está pensando em suicídio
A psicóloga e suicidologista Karina Okajima Fukumitsu acredita que o suicídio é o ápice do que ela chama de “processo de morrência”.
“A pessoa já está se sentindo desgostosa da vida, sem sentido, e vai definhando existencialmente.”
Para Karina, a pessoa emite sinais – comportamentais e verbais – que podem ajudar a identificar o risco. Em seus cursos, ela compilou, a partir de diversos estudos, quatro listas. Veja abaixo:
Comportamentos diretos
- Tentativas de suicídio anteriores
- Mudanças repentinas de comportamento
- Ameaça de suicídio ou expressão/verbalização de intenso desejo de morrer
- Ter um planejamento para o suicídio
- Sinais observáveis de depressão
- Oscilação de humor
- Pessimismo
- Desesperança
- Desespero
- Desamparo
- Ansiedade, dor psíquica, estresse acentuado
- Problemas associados ao sono (excessivo ou insônia)
- Intensa raiva
- Desejo de vingança
- Sensação de estar preso e sem saída
- Isolamento: família, amigos, eventos sociais
- Mudanças dramáticas de humor
- Falta de sentido para viver
- Aumento do uso de álcool e/ou outras drogas
- Impulsividade e interesse por situações de riscos