Pular para o conteúdo
Início » Racismo no aeroporto do DF. Gov. Federal notifica após caso com famosa porta-bandeira do samba

Racismo no aeroporto do DF. Gov. Federal notifica após caso com famosa porta-bandeira do samba

Racismo no aeroporto do DF. Gov. Federal notifica após caso com famosa porta-bandeira do samba

Guará DF, 25 de novembro de 2023

Para o Guará News

Alexandre Torres

 

 

Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) pediu explicações sobre caso em 24 horas. Vilma Nascimento foi obrigada a esvaziar bolsa diante da vistoria de segurança da loja.

A Secretaria Nacional do Consumidor (Senacon) notificou, nesta sexta-feira (24), o Aeroporto de Brasília sobre o caso de racismo contra a histórica porta-bandeira da Portela Vilma Nascimento na loja Duffry (veja vídeo acima). Aos 85 anos, Vilma foi obrigada a esvaziar a bolsa diante da vistoria da segurança da loja no aeroporto, na última terça-feira (21).

A Senacon pede que a Inframerica, concessionária responsável pelo Aeroporto de Brasília, envie, em até 24h, quatro pontos para explicar o que aconteceu.

Antes da notificação, a Inframerica havia divulgado nota onde diz que “repudia qualquer tipo de ação discriminatória”.

Veja abaixo as informações solicitadas pela Senacon:

  1. Em qual setor do aeroporto o fato ocorreu? Indicação do responsável.
  2. Quais as medidas adotadas pela Inframerica Concessionária do Aeroporto de Brasília em relação ao fato?
  3. Houve chamado dos funcionários de segurança do aeroporto? Quais os procedimentos adotados e o que foi constatado?
  4. Envio de plano de ação direcionado a todos os setores do aeroporto para que tomem conhecimento de nota técnica da Senacon sobre enfrentamento ao racismo nas relações de consumo.

 

A medida foi tomada após o secretário nacional do consumidor Wadih Damous ligar pessoalmente para Danielle Nascimento, filha de Vilma, que presenciou a cena e fez o registro que viralizou nas redes sociais. O secretario também postou em suas redes sociais sobre o caso de racismo.

Tweet do secretário Nacional do Consumidor Wadih Damous sobre o caso de racismo. — Foto: Reprodução/Redes sociais

Tweet do secretário Nacional do Consumidor Wadih Damous sobre o caso de racismo. — Foto: Reprodução/Redes sociais

Como foi a abordagem

 

Vilma Nascimento, de 85 anos, teve que tirar os pertences da própria bolsa em loja — Foto: Jornal Nacional/Reprodução

Vilma Nascimento, de 85 anos, teve que tirar os pertences da própria bolsa em loja — Foto: Jornal Nacional/Reprodução

Segundo o neto, Bernard Nascimento, Vilma Nascimento estava à espera do voo na companhia da filha Danielle Nascimento quando decidiu comprar um refrigerante na loja. Viu perfumes, saiu da loja sem comprar e, momentos depois, retornou para, então, comprar a bebida.

Na volta, foi abordada por uma segurança, que teria dito que precisava ver a bolsa dela em um lugar reservado. A filha já havia comprado chocolates, e conta que também chegou a ser abordada, mas que a fiscal queria que Vilma abrisse a bolsa.

No vídeo, dá para ouvir o diálogo de Danielle com a mãe.

“Esqueceu de pagar algum produto, mãe?”, pergunta a filha.

Vilma: “Eu? Não comprei nada. Como é que vou pagar?”

Danielle: “Mãe, não fala nada. Só faz o que ela está pedindo e depois a gente vê. Tira tudo da bolsa, mãe”.

Um outro vídeo mostra o momento que a idosa cata alguns de seus pertences do chão.

“Minha mãe ficou surpresa, revoltada e envergonhada porque a revista foi no meio da loja na frente de clientes e outras pessoas. Foi muito constrangedor”, conta Danielle.

 

Nenhuma irregularidade foi encontrada, segundo a família, e nenhum outro passageiro foi revistado. A família afirma que eles não pediram desculpas pelas abordagens, e citam a cor da pele como potencial motivo.

“Estamos tristes e traumatizadas até agora. Foi um absurdo!! Cheguei a perguntar se ela estava fazendo isso conosco por causa da nossa cor”, escreveu a filha nas redes sociais.

 

O neto conta que o emocional de Vilma está abalado desde então, e que a glicose dela está alta por conta disso. “Por causa do emocional desregulou. Quando ela fala disso, ela chora, super abalada”, diz.

Fiscal foi afastada, diz Dufry

 

A Dufry Brasil, empresa do Grupo Avolta onde Vilma foi abordada, divulgou nota pedindo desculpas publicamente pelo “lamentável incidente”. A empresa diz que a abordagem foi “absolutamente fora do padrão” do grupo e que a fiscal de segurança foi afastada de suas funções,

A Dufry diz ainda que está reforçando todos os procedimentos internos e treinamentos dos funcionários para evitar que esse tipo de situação se repita.