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‘Quero voltar a voar e salvar vidas’, diz piloto do Corpo de Bombeiros que sobreviveu a queda de helicóptero no DF

Por Marília Marques, G1 DF

Tenente-coronel Moisés Alves Barcelos, de 43 anos, comandava aeronave no momento do acidente, no dia 30 de julho, no DF. Imagem de arquivo. — Foto: Tenente-coronel Moisés A. Barcelos/Arquivo pessoal

Tenente-coronel Moisés Alves Barcelos, de 43 anos, comandava aeronave no momento do acidente, no dia 30 de julho, no DF. Imagem de arquivo. — Foto: Tenente-coronel Moisés A. Barcelos/Arquivo pessoal

Em exatos nove segundos, o tenente-coronel do Corpo de Bombeiros Moisés Alves Barcelos, de 43 anos, viu o helicóptero que pilotava cair com cinco pessoas a bordo. O acidente foi na última quinta-feira (30), em Vicente Pires, no Distrito Federal.

A aeronave seguia para o atendimento a uma vítima de parada cardiorrespiratória quando colidiu contra o telhado de uma faculdade particular e ficou com a hélice e a parte traseira destruídas. Os ocupantes, incluindo o piloto, não se feriram com gravidade.

“Tudo ocorreu em nove segundos. Não deu tempo de pensar em alguma coisa. Tentei arremeter e, quando percebi, a hélice bateu contra o prédio”, contou Barcelos. Em casa, afastado do trabalho pelos próximos quatro dias, o piloto de resgate diz que planeja voltar “à missão”.

“Quero voltar a voar, a salvar vidas. Nosso lema [do grupamento de aviação] é ‘voar, pairar e salvar’.”

Helicóptero dos bombeiros cai e atinge carro no DF — Foto: Corpo de Bombeiros do DF

Helicóptero dos bombeiros cai e atinge carro no DF — Foto: Corpo de Bombeiros do DF

Além do piloto, um copiloto, um tripulante operacional, um médico e uma enfermeira do Serviço Móvel de Urgência (Samu) estavam na aeronave. O médico sofreu um corte na testa, foi levado ao hospital e recebeu alta no mesmo dia.

“Na profissão de bombeiros passamos por muitos riscos, mas nunca passei por nada tão próximo da morte”, disse o coronel ao G1.

A queda

Vídeo mostra momento que helicóptero do Corpo de Bombeiros cai no DF

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Vídeo mostra momento que helicóptero do Corpo de Bombeiros cai no DF

O acidente aconteceu às 10h35. À reportagem, o militar contou que os 13 anos de experiência como piloto de resgate deram base para as primeiras reações após a chegada ao solo, os chamados “procedimentos de escape”, que fazem parte do treinamento aéreo.

“Fui o primeiro a sair da aeronave. Tirei o cinto, abri a porta e sai para um local seguro. Quando olhei, os outros ainda estavam saindo. Então, voltei e vi que o tripulante operacional tirou o médico e a enfermeira.”

Um vídeo gravado por testemunhas mostra o momento da queda. Na imagem é possível ver que a aeronave sobrevoou o prédio (veja vídeo acima). Ao perder altitude, ela pareceu tentar pousar no solo. Em seguida, surgiu uma nuvem de poeira, que escureceu a gravação e, então, houve o impacto.

‘Nasci de novo’

Tenente-coronel Moisés Alves Barcelos, de 43 anos, ao lado da esposa, capitã do CBMDF. Militar comandava aeronave no momento do acidente, no dia 30 de julho, no DF  — Foto: Arquivo pessoal

Tenente-coronel Moisés Alves Barcelos, de 43 anos, ao lado da esposa, capitã do CBMDF. Militar comandava aeronave no momento do acidente, no dia 30 de julho, no DF — Foto: Arquivo pessoal

No currículo, Barcelos traz a experiência de mais de 15 mil pousos e possui cerca de 1 mil horas de voo. O militar está há 25 anos no Corpo de Bombeiros e, em 2007, realizou o primeiro voo pela corporação.

“São 13 anos voando, a gente faz tudo para que acidentes não ocorram, mas se ocorrerem, que as pessoas saiam com vida”.

Passados três dias da queda do helicóptero, o coronel afirma que “está mais tranquilo” por saber que os colegas de profissão estão bem. “Só de saber que os cinco estão vivos, sem nenhum osso quebrado, já me aliviou totalmente”.

“Acordo agradecendo a vida, por não termos morrido. Nasci de novo. Agora, 30 de julho é o nosso novo nascimento.”

Investigação

Seguindo os protocolos oficiais de acidentes aéreos, a Força Aérea Brasileira (FAB) acionou o Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa).

Em nota, a FAB informou que os investigadores realizaram a “ação inicial”, que é o começo do processo de investigação. “O objetivo é coletar dados: fotografar cenas, retirar partes da aeronave para análise, reunir documentos e ouvir relatos de pessoas que possam ter observado a sequência de eventos”.

Já Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) afirmou que o helicóptero do Corpo de Bombeiros está com a documentação em dia e que a aeronave tinha capacidade para seis pessoas.

O piloto disse ainda que vai aguardar a apuração dos órgãos competentes sobre os motivos do acidente. “Só o Cenipa poderá dizer o que de fato ocorreu”.

Adaptações: Alexandre Torres

Guará News