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Grupo LGBTQIA+ da Igreja Católica lança livro ‘Testemunhos da Diversidade’

Por Milena Castro*

 


Bandeira do orgulho gay — Foto: Reprodução/Redes sociais

Bandeira do orgulho gay — Foto: Reprodução/Redes sociais

Para chamar a atenção sobre a causa LGBTQIA+, sob uma perspectiva do catolicismo, a Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT lançou, este ano, a campanha “Testemunhos da Diversidade”. O trabalho resultou em um livro digital com o mesmo nome que está disponível, de graça, na internet.

A ideia inicial, disem os organizadores, era reunir depoimentos para marcar o Dia do Orgulho LGBTI (lésbicas, gays, bissexuais, travestis, transexuais e pessoas intersex), comemorado em 28 de junho. Mas o e-book também celebra os seis anos de atuação da Rede Nacional.

Ao todo, são 21 relatos de pessoas que fazem parte dos 19 coletivos gays presentes na comunidade católica no Brasil, em diferentes estados e no Distrito Federal (saiba mais sobre os coletivos de Brasília abaixo).

Segundo Jeferson Batista, um dos organizadores do livro, “uma instituição diversa com certeza tem pessoas LGBTQIA+ e, nesse caso, pessoas atuantes que participam desses grupos, mas que também estão no dia a dia das paroquias e dioceses”.

Primeiro Encontro Sudeste da Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT, em BH — Foto: Divulgação

Primeiro Encontro Sudeste da Rede Nacional de Grupos Católicos LGBT, em BH — Foto: Divulgação

Territórios de esperança

Um dos relatos no livro é o da católica Ingrid Giffoni. Ela tem 30 anos e trabalha como coordenadora pedagógica.

No depoimento, Ingrid conta que começou a frequentar a igreja por causa da esposa, mas que a adaptação foi difícil, até conhecer o grupo “Diversidade Cristã de Brasília. Para ela, “foi um amor à primeira vista”.

“Senti que ali estava a minha missão. Falar de Deus, de uma igreja acolhedora, mãe de verdade e aberta para todos, independentemente da sexualidade”, diz a pedagoga Ingrid Giffoni.

Depois que se mudou para São Paulo, Ingrid continuou envolvida em grupos religiosos que abordam a pauta gay. Segundo ela, essa atuação assídua é porque acredita “na construção de territórios de esperança”.

Para a coordenadora pedagógica, escolas e igrejas são fundamentais para garantir o respeito à diversidade. “A educação, pela possibilidade de transformar mentes, e a igreja por transformar almas”, explica.

Segundo Encontro Nacional de Grupos Católicos LGBT, em São Paulo — Foto: Divulgação

Segundo Encontro Nacional de Grupos Católicos LGBT, em São Paulo — Foto: Divulgação

Grupos LGBTQI+ no DF

Diversidade Cristã Brasília e o Prisma da Fé são os dois coletivos da Igreja Católica, focados na comunidade gay, que atuam no Distrito Federal. Ambos tem como proposta “ser espaços seguros de acolhimento, partilha de experiências e vivência da fé cristã”, relatam os coordenadores.

A fisioterapeuta Lorenna Carmo, de 35 anos, é integrante do “Diversidade Cristã”. Para ela, fazer parte do grupo “é se sentir acolhida em uma comunidade dentro da Igreja Católica”.

“Podendo ser quem eu realmente sou, sem precisar esconder a minha essência. Saber que sou amada por Deus e, principalmente, sentir esse amor”, afirma Lorenna Carmo.

Lorenna contou ao G1 que passou por alguns momentos difíceis dentro da igreja. Praticante da fé cristã, ela diz que chegou a ser “convidada a sair de um grupo religioso católico” porque era bissexual.

Depois dessa experiência, a fisioterapeuta explica que afastou do catolicismo. “Foi um tempo de deserto, com raiva da igreja”, relembra.

“Alguns anos depois, um amigo me contou que tinha um grupo da igreja que acolhia pessoas homoafetivas. Ele me chamou algumas vezes e eu neguei. Enfim, na quarta vez em que ele me chamou eu decidi ir só em uma reunião”, diz ela.

“Fui em uma reunião, em duas, fui ficando e estou até hoje . Devo estar há uns quatro, cinco anos no grupo”, explica.

Dia do Orgulho LGBTI

O Dia do Orgulho LGBTI é comemorado mundialmente em 28 de junho, mesma data em que, em 1969, teve início a revolta de Stonewall. O episódio é um dos mais importantes na história da luta pela defesa dos direitos dessa comunidade.

À ocasião, um grupo de pessoas LGBT fizeram manifestações contra a repressão policial em bares gays de Nova York. O episódio é considerado o berço da luta pela libertação homossexual no mundo.

Adaptações: Alexandre Torres

Guará News