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GDF aposta em artistas independentes

GDF aposta em artistas independentes

A prioridade é para projetos voltados à inclusão, democratização, oportunidades e geração de emprego e renda

LÚCIO FLÁVIO, AGÊNCIA BRASÍLIA* | EDIÇÃO: RENATA LU

Há dois anos em atividade, o projeto “Estúdio Social” aposta em músicos independentes do Distrito Federal, promovendo acesso democrático ao canto. A ideia é simples, dinâmica e eficiente: dar visibilidade a talentos que ainda estão no anonimato, por meio de suporte técnico e informações básicas sobre o tema.

A realização da ação fica por conta do Instituto Blaise Pascal (IBP) e conta com recursos de Termo de Fomento (TF) da Secretaria de Cultura e Economia Criativa (Secec), na ordem de R$ 485 mil.

Estamos trabalhando para que a economia criativa do DF não pare, mesmo atravessando esse momento de pandemia da Covid-19. Os projetos aprovados por Termo de Fomento na Secec obedecem à lógica de inclusão, democratização, oportunidades e geração de emprego e rendaBartolomeu Rodrigues, secretário de Cultura e Economia Criativa

Artistas preparados

Idealizador e coordenador da ação que já apoiou 110 nomes, entre artistas solos, bandas, corais e formações de diversos gêneros musicais. Everson Belarmino, 38 anos, conta que o “Estúdio Social” nasceu para dar oportunidades aos artistas. “Queremos que eles consigam projeção, dar condições para eles alcançarem o mercado”.

O canto de Wander Vi virou curta no Festival de Cinema de Gramado| Foto: Divulgação

Foi o que aconteceu, por exemplo, com Wanderson Vieira Costa, o Wander Vi, 26 anos, jovem talento de Ceilândia que teve sua trajetória de esforço e resiliência em busca do reconhecimento, contada em curta de documentário exibido na última edição do Festival de Cinema de Gramado.

“A primeira vez que o Wander Vi entrou num estúdio foi com a gente e teve uma grande promoção da sua imagem”, diz, orgulhoso, Belarmino. “O ‘Estúdio Social’ é um presente para os participantes, mostra ao artista como se comportar no mercado da música, dá uma base para quem está começando, uma grande oportunidade”, elogia o cantor.

Conexão cerrado

Na prática, “Estúdio Social” funciona como se fosse uma gravadora, só que com perfil comunitário. Grava a música, faz a masterização e mixagem do material capitado, produz a capa de forma personalizada e entrega o produto finalizado para o artista divulgar no mercado. O único critério para participar é que os interessados apresentem repertório autoral.

Só no ano passado, foram mais de 340 inscritos, sendo 50 proponentes selecionados por meio de votação on-line, proporcionando a todos o sonho de registrar um EP – gravação com quatro faixas inéditas. “Esse projeto privilegia, em sua raiz, a cultura e a arte do DF, permitindo aos contemplados iniciar em sua vida artística com condições de crescimento”, destaca a subsecretaria de Difusão e Diversidade Cultural (SDDC) da Secec, Mirella Ximenes.

Banda de reggae Conexão Cerrado | Foto: Divulgação

Entre os que tiveram o privilégio de contar com toda a estrutura e o “know-how” do projeto está a banda de reggae Conexão Cerrado. Desde 2014 na estrada, o grupo viu o número de seguidores nas redes sociais crescer substancialmente, além de ter a experiência de realizar a primeira live da equipe. “O projeto ajudou os artistas locais a terem oportunidades que muitos não teriam se não fosse por esse caminho, é de extrema importância para bandas autorais”, avalia o vocalista Fábio Uaka. “E ainda vamos concorrer a prêmios em dinheiro que podem ajudar de muitas formas na divulgação do nosso trabalho”, comenta.

De acordo com dados do Instituto Blaise Pascal, cerca de 60 mil pessoas em todo do DF acessaram o site do “Estúdio Social” para escolher os 50 candidatos que fizeram parte da empreitada musical em 2019. Os dez mais votados gravaram um videoclipe. Pessoas em situação de rua e vulnerabilidade social que faziam parte de casas de recuperação e dos centros de referências especializados para desabrigados – os centros POPs – foram escolhidos, ainda, para integrar um coral do “Estúdio Social”.

“A gente deu aulas de canto para essas pessoas e no final do projeto fizemos alguns ensaios gerais para eles se prepararem para essas apresentações. A maioria nunca tinha cantado”, recorda o produtor Everton Belarmino.

Versão virtual

Neste ano, reverenciando os 60 anos de Brasília, serão selecionados 60 grupos, bandas e cantores de 12 regiões administrativas do DF, divididos em cinco categorias: música religiosa, solo, banda, músicos portadores de necessidades especiais e música infantil. Por conta dos riscos de exposição e aglomeração nesse período de pandemia, todas as etapas do projeto serão realizadas em versão virtual.

As inscrições podem ser feitas pelo site até o dia 15 de novembro de 2020.

Os concorrentes mais voltados em cada categoria gravarão uma live que vai gerar um EP acústico com até três faixas autorais. As três bandas, cantores ou grupos que, durante a transmissão da live, forem campeões de visualizações on-line, receberão prêmios em dinheiro. “Esperamos, com a execução deste projeto, fomentar o setor musical do distrito cultural, criando novas oportunidades de trabalho e gerando novos empregos”, vibra.

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Foto: Joel Rodrigues / Agência Brasília

Com Termo de Fomento, Cultura abre frente de emprego e renda

Um dos participantes da primeira versão do “Estúdio Social”, o cantor de rap do Recanto das Emas, hoje vivendo em Valparaíso (GO), Pedro Francisco da Costa, o Sky Blue, 38 anos, vê o projeto como um agente transformador na vida de muitos artistas locais. Sobretudo para aqueles que, segundo ele, estão às margens do sistema e lutam para driblar as barreiras de um segmento elitista, tanto para quem faz, quanto para o consumidor.

“É um projeto importante para quem é da periferia, faz arte nas cidades Satélites, pelo fato de quebrar as barreiras, as panelinhas que existem na arte, dando oportunidade para grupos pequenos, sem contar que a cultura resgata. Só tenho a parabenizar e agradecer”, elogia o artista, que não titubeou e já se inscreveu na segunda edição do Estúdio Social. “Minhas rimas, letras falam sobre isso, do resgate de uma nova vida por meio da arte, de denúncias, protestos. Estou bem otimista quanto à classificação nessa segunda edição, estou trabalhando para isso, mesmo sabendo que será difícil”, torce.

* Com informações da Assessoria de Comunicação da Secretaria de Cultura e Economia Criativa do DF

Adaptações: Alexandre Torres

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