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Covid-19: ‘DF está longe de atingir imunidade de rebanho’, diz UnB

Por Brenda Ortiz, G1 DF

Moradores de Ceilândia fazem fila para testagem do novo coronavírus no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Moradores de Ceilândia fazem fila para testagem do novo coronavírus no DF — Foto: TV Globo/Reprodução

Um estudo feito pela Universidade de Brasília (Unb), em parceria com pesquisadores de outras universidades do país (saiba mais abaixo), divulgado nesta terça-feira (29), concluiu que, no Distrito Federal, a imunidade de rebanho para Covid-19, divulgada pelo governador Ibaneis Rocha (MDB), ainda é uma realidade distante.

Segundo os pesquisadores – e considerando subnotificações e casos assintomáticos – apenas 20% da população do DF foi infectada até o momento. A chamada imunidade de rebanho, que é uma defesa coletiva contra o vírus, só é obtida quando taxa de infecção está entre 60% e 70%, explicam os pesquisadores.

“Nenhuma unidade da federação atingiu ainda a imunidade de rebanho”, dizem os pesquisadores.

De acordo com o último boletim da Secretaria de Saúde do DF, divulgado na terça-feira, Brasília somava 191.317 casos do novo coronavírus e 3.224 mortes provocadas pela doença. No entanto, para o coordenador da pesquisa na UnB, Tarcísio da Rocha Filho, a quantidade de casos notificados no DF não corresponde à realidade.

“Muita gente é assintomática, e não passa pelos testes. A nossa estimativa é que o número de casos em Brasília seja três vezes maior que o notificado”, afirma Tarcísio da Rocha Filho.

A pesquisa

Coleta de sangue para testes rápidos para a detecção do novo coronavírus no Distrito Federal, em imagem de arquivo — Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

Coleta de sangue para testes rápidos para a detecção do novo coronavírus no Distrito Federal, em imagem de arquivo — Foto: Leopoldo Silva/Agência Senado

A pesquisa sobre o novo coronavírus é feita por professores da UnB, da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Instituto Federal de Educação Ciência e Tecnologia da Bahia (IFBA), Universidade Federal de São João del Rei (UFSJ), e da Universidade do Estado da Bahia (Uneb).

Segundo o físico do Núcleo de Altos Estudos Estratégicos, Tarcísio da Rocha Filho, que coordena a pesquisa na Unb, o modelo usado no estudo já era aplicado antes, para verificar a situação de outras doenças, e outros tipos de surto, como o de sarampo em 2019. Segundo ele, no caso da Covid-19, o número de mortes é um dado “mais seguro”, que o número de casos notificados.

“O número de mortes tem uma pequena correção, porque certo percentual de vítimas da Covid-19 não detectados são registrados como síndrome respiratória aguda grave (SRAG), principal causa de falecimento da doença”, afirma.

Desse modo, é feita uma comparação com os dados da síndrome de anos anteriores e, a partir daí, é possível afirmar que o excesso de casos configura, na realidade, pacientes de coronavírus. “Com isso, sei a taxa de mortalidade total e o percentual real de infectados”, explica o pesquisador.

Segunda onda de contágio

Tarcísio da Rocha Filho afirma que apesar do Distrito Federal estar apresentando uma queda no número de casos e de mortes, ainda não é o momento para relaxar. “O DF conseguiu isso graças ao cuidado da população e ao isolamento mais rígido no começo. Agora, com a reabertura do comércio, é importante que a população continue mantendo as medidas de segurança, para que não tenhamos um segundo pico da doença”, afirma.

“Nós ainda não temos uma vacina. Então a doença existe e o vírus ainda está circulando. Se a gente descuida e tem uma nova onda de contágio, as consequências podem ser ainda piores”, aponta o cientista.

Europa, por exemplo, vem apresentando uma segunda onda de Covid-19. Países como França, Espanha e Reino Unido registraram, nos últimos dez dias, as maiores taxas diárias de contágio desde o início da pandemia.

Para conter outro pico da doença, autoridades europeias estão voltando com restrições para a população. Para o professor da UnB, um segundo pico da doença em Brasília seria ainda mais complicado.

“Como o governo vai conseguir fechar tudo de novo? Como as pessoas vão voltar ao isolamento?”, pergunta o pesquisador.

Tarcísio da Rocha Filho lembra que o DF já começa a fechar leitos de UTI para Covid-19, por exemplo. Para ele, um novo pico de coronavírus teria um impacto muito grande na saúde e na economia do DF. Por isso, a orientação é “não relaxar com as medidas de proteção e distanciamento”, diz ele.

Adaptações: Alexandre Torres

Guará News