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No DF, 20% dos atendimentos na rede pública são de moradores do Entorno

No DF, 20% dos atendimentos na rede pública são de moradores do Entorno

Segundo dados da Secretaria de Saúde, em 2019, de um total de 221,3 mil pacientes, 45 mil eram de fora de capital

JULIA BANDEIRA /METRÓPOLES

ATUALIZADO 15/05/2020 7:45

Essa quinta-feira (14/05) ficou marcada por uma polêmica frase proferida pelo governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB). Preocupado com um possível colapso no sistema de saúde da capital, o chefe do Executivo local disse que proibiria o atendimento de pacientes com o novo coronavírus provenientes do Entorno.

Durante a noite, no entanto, afirmou que buscaria outro caminho. “Vamos chegar a um acordo com Goiás”. A apreensão do emedebista tem embasamento nos números: de acordo com dados da Secretaria de Saúde do DF, cerca de 20% dos atendimentos são de moradores de municípios vizinhos a Brasília.

Dos 3.416 infectados no DF até a noite dessa quinta-feira (14/05), 194 deram endereço de Goiás. Desses, 22 encontram-se internados.

Nos casos de internação, em 2019, de um total de 221.339 pacientes, 45 mil eram de fora do DF, sendo 19,7% da Região Integrada de Desenvolvimento do Distrito Federal e Entorno (Ride). No mesmo ano, quase metade dos atendimentos nos hospitais regionais do Gama e de Santa Maria era de moradores do estado de Goiás, em especial de Luziânia, Valparaíso e Novo Gama.

Reginaldo Rodrigues, 43 anos, de Valparaíso (GO), é um dos que costumam recorrer aos serviços hospitalares de Brasília. “Por aqui a gente consegue atendimento de clínica geral, mas quando é especialista precisa ir para o Gama ou Santa Maria”, disse.

Outro fato que contribui para o uso da rede pública da capital, segundo ele, é a rotina de quem reside na região. “A maioria das pessoas trabalha no DF e acaba indo ao hospital mais perto do emprego”.

Tratamento com cardiologista

Durante a tarde dessa quinta-feira (14/05), no Hospital de Base, localizado no centro de Brasília, o irmão de uma paciente moradora de Formosa (GO) explicou que a distância incomoda, mas que não há outra alternativa. “Ela tem problema no coração e lá [em Formosa] não tem recurso algum”, contou ele, que preferiu não se identificar.

Repercussão

Após a repercussão de declarar a possibilidade de editar um decreto com a proibição desse tipo de atendimento na capital, “A minha intenção sempre foi a de fazer valer, entre o Distrito Federal e as cidades do Entorno, um termo de cooperação, disse o governador. Nós estamos dispostos a atender os pacientes, desde que nos termos previstos para que o DF receba os valores referentes a estes tratamentos. O que não dá é para a gente tratar aqui e Goiás receber os valores do SUS por lá. Se houver termo de cooperação, haverá atendimento”, disse Ibaneis.

Ao longo do dia, os secretários de Saúde do DF, Francisco de Araújo, e de Goiás, Ismael Alexandrino, conversaram e acertaram os termos que devem constar no acordo de cooperação a ser celebrado entre as duas unidades federativas.

“Não tenho raiva do governador, Ronaldo Caiado [DEM], não tenho raiva do secretário de Saúde, Ismael, e muito menos da população de Goiás. O que eu tenho é a população do DF que depende da nossa eficiência e do senso de prioridade para ter saúde pública à disposição”, destacou Ibaneis.

Entre as iniciativas que serão estabelecidas na cooperação do DF com Goiás, está a criação de um programa de testagem em massa e o atendimento ordenado de pacientes oriundos do Entorno.