Ibaneis apresenta queixa-crime contra dono de chácara que abrigava extremistas no DF
Em 13 de junho, André Luís Bastos de Paula Costa gravou vídeo chamando governador de ‘agiota safado’. Pedido é para que ele responda criminalmente por injúria.
Por Afonso Ferreira, G1 DF
O governador do Distrito Federal, Ibaneis Rocha (MDB), apresentou, nesta terça-feira (30), uma queixa-crime contra o fazendeiro André Luiz Bastos de Paula Costa. O documento foi protocolado no Juizado Especial Criminal de Brasília e pede que o suspeito responda criminalmente por injúria.
A queixa foi motivada por um vídeo gravado por André em 13 de junho. À ocasião, ele chamou Ibaneis de “agiota safado” (assista acima). O fazendeiro é também o dono de uma chácara que abrigou um grupo de extremistas apoiadores do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), em Arniqueira.
O espaço foi alvo de uma operação da Polícia Civil no dia 21 de junho. Segundo os investigadores, o grupo usava o espaço para fazer treinamentos paramilitares (veja mais abaixo).
A queixa-crime do governador foi distribuída, mas o juiz responsável pelo caso ainda não se manifestou. O advogado Cléber Lopes, que representa Ibaneis, disse ao G1 que essa “é mais uma ação penal que o chefe do Executivo está movendo para defender sua honra e dignidade”.
“É para mostrar para a sociedade que a liberdade de expressão não se confunde com a autorização para a ofensa a honra da pessoas. O juiz deve receber a queixa e mandar intimar esse homem para ele responder a acusação. Nossa expectativa é que ele seja condenado.”
Investigação
Fazendeiro apontado como dono de chácara que abrigava extremistas faz ameaças a ao governador do DF, Ibaneis Rocha — Foto: Reprodução
De acordo com a Polícia Civil, o empresário goiano também é investigado por suspeita de ser um dos financiadores de grupos extremistas de apoio ao presidente Bolsonaro na capital.
Segundo o delegado Leonardo Castro, da Coordenação Especial de Combate à Corrupção e ao Crime Organizado (Cecor), a hipótese é reforçada pela permissão para uso da chácara dele.
“A gente acredita que esse acampamento era utilizado pelo grupo para reuniões, para treinamentos. Assim como foi utilizado aquele primeiro acampamento que já foi veiculado na imprensa, na região da Rajadinha [Planaltina-DF], onde o próprio grupo declarava treinamentos paramilitares, de inteligência e outros treinamentos relacionados à formação de um grupo, podemos dizer, paramilitar”, disse à época.
Operação da Polícia Civil contra grupos de extremistas no Distrito Federal — Foto: Arte G1
As investigações contra o grupo foram abertas em maio. O inquérito apura ameaças contra autoridades, crimes contra a honra, porte ilegal de armas e milícia privada.
Durante a operação na chácara, no dia 21 de junho, os investigadores apreenderam fogos de artifício, anotações com planejamento de ações e discursos, cartazes, celulares e um cofre. À época, ninguém foi preso.