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Falta de materiais no Hospital de Base do DF gera fila de 140 pacientes para cirurgia renal

Cerca de 140 pessoas aguardam há, pelo menos, 4 meses uma cirurgia para retirada de cálculo renal na rede pública de saúde do Distrito Federal. O motivo principal, segundo o Instituto Hospital de Base (IHB) é a falta de materiais.

Uma das pacientes é Maria Soares, que espera pelo procedimento desde janeiro. Ela conta que a cirurgia já foi marcada quatro vezes – todas canceladas por falta de utensílios. Da primeira vez, Maria chegou a ficar internada por 11 dias.

“Moro sozinha e sempre passo mal à noite. De madrugada, então, eu fico andando na casa, porque não tem posição [confortável].”

Paciente espera desde janeiro a cirurgia para retirada do cálculo renal — Foto: TV GloboPaciente espera desde janeiro a cirurgia para retirada do cálculo renal — Foto: TV Globo

Paciente espera desde janeiro a cirurgia para retirada do cálculo renal — Foto: TV Globo

Em um relatório médico assinado no dia 9 de maio, o cirurgião-geral Renato Moreira, que faria o procedimento em Maria, afirma que a paciente esteve internada, mas teve que receber “alta” um dia antes, porque uma pinça – do tipo Basket – estava faltando.

O médico destacou, ainda, que o material era “básico e indispensável” para a cirurgia, e que a falta dele poderia expor Maria a “riscos graves e potencialmente fatais”.

O caso de Maria Soares é apenas um exemplo da falta de materiais no Hospital de Base. Em uma reportagem feita pela TV Globo em maio deste ano, outra paciente foi dispensada seis vezes da cirurgia. Quando cancelaram a primeira, Elsa Rodrigues aguardava pelo procedimento havia 52 dias.

“Uma vez alegaram que chegou um paciente com mais urgência ainda. A segunda vez, [disseram] que não tinha material. Sempre tem uma desculpa”, disse o marido dela, Aldemir Alves.

Em nota, o Hospital de Base informou que existem vários tipos de cirurgias para retirada de cálculo renal e que as endoscópicas – consideradas mais complexas – estão sendo realizadas “regularmente”.

Já para as cirurgias percutâneas – que são minimamente invasivas, de baixa complexidade –, o hospital explicou que “há 20 dias, houve defeitos em alguns tipos de instrumentos (necroscópicos e pinças) provocados, principalmente, pelo excesso de uso”.

Atrasos na entrega dos materiais

A reposição dos materiais deveria ter ocorrido em maio, segundo o diretor de Atenção Hospitalar do Instituto Hospital de Base, Júlio Ferreira.

Em entrevista à TV Globo no dia 10 daquele mês, ele disse que havia ocorrido um “problema com o fornecedor” e que os utensílios em falta seriam entregues antes de junho.

“A área de compras teve que chamar o segundo colocado [na licitação]. Tem uma previsão de chegada desses itens aí, de mais ou menos cinco a dez dias.”

Diretor de atenção hospitalar do IHB — Foto: TV GloboDiretor de atenção hospitalar do IHB — Foto: TV Globo

Diretor de atenção hospitalar do IHB — Foto: TV Globo

No entanto, 43 dias se passaram desde a afirmação do diretor e os pacientes continuam à espera da chegada dos materiais para fazer a cirurgia de retirada de cálculo renal. Agora, porém, o hospital também aponta outros motivos para o atraso nos atendimentos agendados.

O Hospital de Base informou, nesta sexta-feira (21), que está enfrentando “uma altíssima demanda desse tipo de cirurgia, e que o excesso de uso provocou falha em alguns equipamentos.”

O instituto acrescentou, ainda, que a Secretaria de Saúde abriu licitação para compra de novos equipamentos para este hospital e para a unidade de Santa Maria.

“Já está em andamento um processo regular de aquisição para uma renovação ampla e robusta de todos os equipamentos e materiais que contemplarão não só o Hospital de Base, mas a urologia do Hospital Regional de Santa Maria, que agora faz parte das unidades sob gestão do IGESDF.”

Adaptações: Alexandre Torres

Guará News