Pular para o conteúdo
Início » Estudantes de medicina do DF pedem revogação de portaria que prevê estágio obrigatório contra pandemia de coronavírus

Estudantes de medicina do DF pedem revogação de portaria que prevê estágio obrigatório contra pandemia de coronavírus

Por Brenda Ortiz, G1 DF

Adaptações: Alexandre Torres

Guará News

Coronavírus Sars-CoV-2, que provoca a Covis-19 — Foto: Amanda Georgia/G1Coronavírus Sars-CoV-2, que provoca a Covis-19 — Foto: Amanda Georgia/G1

Coronavírus Sars-CoV-2, que provoca a Covis-19 — Foto: Amanda Georgia/G1

Estudantes de medicina do Distrito Federal pedem a revogação da Portaria 492/2020 do Ministério da Saúde, assinada na última segunda-feira (23), e que institui o programa “Brasil Conta Comigo”. A ação é voltada para que alunos de cursos da área de saúde cumpram “estágio curricular obrigatório”, em caráter “excepcional e temporário”, ajudando no combate à covid-19 (saiba mais abaixo).

A participação no programa do governo garante 10% de pontuação adicional nos processos de seleção para residência médica. Os estudantes dizem que o benefício quebra a isonomia nas provas.

A Direção Executiva Nacional dos Estudantes de Medicina (Denem), que representa os alunos, explica que pediu ao Ministério da Saúde e ao Ministério da Educação a revogação da portaria. De acordo com um dos coordenadores regionais do Centro Oeste Caio Alexandre Mendes Moreira, apesar das vantagens oferecidas pelo governo serem benéficas, elas atenderão apenas parte dos estudantes.

“Uma parcela dos alunos ficará de fora e será prejudicada nas concorridas provas de residência.”

Profissionais da Saúde, no DF, defendem o serviço público e pedem que as pessoas não procurem os hospitais sem necessidade em tempos de coronavírus — Foto: Arquivo pessoalProfissionais da Saúde, no DF, defendem o serviço público e pedem que as pessoas não procurem os hospitais sem necessidade em tempos de coronavírus — Foto: Arquivo pessoal

Profissionais da Saúde, no DF, defendem o serviço público e pedem que as pessoas não procurem os hospitais sem necessidade em tempos de coronavírus — Foto: Arquivo pessoal

Caio Alexandre diz ainda que a Denem teme pela segurança de quem for trabalhar. “Não temos garantia real de equipamentos de proteção individual, já que nos hospitais, às vezes, os próprios médicos não têm acesso a esses EPI’s”, afirma.

Quem seriam os estudantes prejudicados na hora da prova de residência?

A Denem contesta a isonomia nas provas de residência ao elencar os grupos que não teriam condições de participar do programa do governo federal e atender pacientes durante a pandemia de coronavírus. São eles:

  • Alunos que pertencem aos grupos de risco (com doenças respiratórias ou imunossuprimidos que não podem atuar no combate à covid-19)
  • Alunos que estão cumprindo quarentena
  • Alunos que já cumpriram a carga horária nas disciplinas de saúde coletiva, pediatria e clínica médica

Segundo a coordenadora-geral da Denem Eduarda Matoso, a portaria nº 492/2020 do Ministério da Saúde “não torna obrigatória a participação na ação ‘Brasil Conta Comigo’, mas cria uma situação de quebra de isonomia ao oferecer uma facilidade de quantidade inédita (adicional de 10% no processo de seleção para programas de residência), sem considerar que circunstâncias alheias à vontade impedem a participação de boa parte dos alunos”.

Cursos do DF vão participar do programa

O Distrito Federal conta com seis escolas de medicina. A cada ano, segundo a Secretaria de Saúde, são aprovados 536 novos alunos nos cursos.

De acordo com a pasta, os cursos da Escola Superior de Ciências da Saúde (ESCS) e da Fundação de Ensino e Pesquisa em Ciências da Saúde (Fepecs) vão aderir à portaria do Ministério da Saúde.

Entenda a portaria

A portaria inclui alunos de medicina, enfermagem, farmácia e fisioterapia. Eles serão alocados em unidades básicas de saúde, unidades de pronto atendimento, rede hospitalar e comunidades.

A atuação deverá ser, exclusivamente, nas áreas de clínica médica, pediatria, saúde coletiva e apoio às famílias – de acordo com as especificidades de cada curso.

A carga horária será contada como estágio curricular obrigatório e considerada na pontuação para ingresso nos cursos de residência. Para participar da programa, é necessária a adesão de Estados, Distrito Federal e municípios.

Também precisam aderir os estabelecimentos de saúde privados sem fins lucrativos que prestam serviços no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). A adesão será feita pelos gestores locais do SUS, via sistema eletrônico.

Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta — Foto: REUTERS/Adriano MachadoMinistro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta — Foto: REUTERS/Adriano Machado

Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta — Foto: REUTERS/Adriano Machado

Veja a lista de quem pode fazer parte do programa:

  • Unidades da atenção primária à saúde;
  • Unidades de pronto atendimento;
  • Estabelecimentos da rede hospitalar;
  • Estabelecimentos de saúde voltados ao atendimento dos distritos sanitários especiais indígenas, das comunidades remanescentes de quilombos ou das comunidades ribeirinhas.

Segundo o texto, a participação dos hospitais e institutos federais vinculados ao Ministério da Saúde e ao Ministério da Educação independe de adesão. “Cabe aos seus dirigentes indicar os profissionais de saúde e informar o quantitativo de alunos participantes”, diz o documento.

Os participantes são previstos como alunos dos cursos de medicina, enfermagem, fisioterapia e farmácia com distinção entre:

  • A: Alunos dos 5º e 6º anos de Medicina que ainda não cumpriram todo o horário de estágio nas disciplinas de saúde coletiva, pediatria e clínica médica;
  • B: Alunos de Enfermagem, Fisioterapia e Farmácia que ainda não cumpriram toda a carga horária do estágio obrigatório;
  • C: Alunos desses cursos que não cumprem os requisitos.

Os alunos das hipóteses “A” e “B” terão as horas dedicadas à essa ação, compensadas como se estivessem no estágio curricular obrigatório (internato no caso da medicina) e terão a pontuação aumentada em 10% no processo de seleção de Residências.

Os alunos “C” não terão essas vantagens, mas poderão solicitar desconto caso cursem faculdades pagas.

A seleção será por edital de chamamento público a ser definido e divulgado pelo Ministério da Saúde. A portaria não menciona data para essa publicação nem maiores detalhes desse edital.

Adaptações: Alexandre Torres

Guará News