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A história de Brasília – luta e força, candangos chegaram para construir o começo desta cidade que trouxe o desenvolvimento para o Centro Oeste Brasileiro

Trabalhadores e pioneiros

Nordestinos e nortistas em sua maioria, vinham atraídos pela chance de um novo começo

Em 1957 chegaram ao local da futura capital os primeiros trabalhadores: uma massa humana de diferentes origens e características sociais que, mesmo sem garantia de conforto ou de bem-estar, dispunha-se a trabalhar para a Companhia Urbanizadora da Nova Capital (Novacap).

De acordo com o censo daquele ano, esses 256 primeiros migrantes procediam, na maioria, do Norte e do Nordeste do país. Eram os primeiros “candangos”, como ficaram conhecidos aqueles trabalhadores pioneiros, que vinham atraídos pela possibilidade de um novo começo e novas oportunidades. Saíam da terra natal com uma mala e pouquíssimo dinheiro — às vezes nem isso, só com a roupa do corpo — e lotavam a carroceria dos caminhões para viajar 45 dias em estradas precárias, de terra batida, até o local demarcado para a construção de Brasília, onde só havia mato e poeira.

Galeria

Chegada dos retirantes para trabalhar na construção da nova capital. 17/01/1959. Arquivo Público do Distrito Federal.
Retirantes chegam para trabalhar na construção da nova capital, em janeiro de 1959. (Foto: Arquivo Público do DF)
Chegada dos retirantes para trabalhar na construção da nova capital. 17/01/1959. Arquivo Público do Distrito Federal.
Retirantes chegam para trabalhar na construção da nova capital, em janeiro de 1959. (Foto: Arquivo Público do DF)
Fila para cadastramento dos novos trabalhadores da construção de Brasília. Arquivo Público do Distrito Federal.
Trabalhadores fazem fila para se cadastrar na construção de Brasília. (Foto: Arquivo Público do DF)
Operários de Brasília. 04/01/1958. Autor: Mario Fontenelle. Arquivo Público do Distrito Federal.
Caminhão leva operários para construir a futura capital, em 1958. (Foto: Mário Fontenelle/Arquivo Público do DF)
Canteiro de obras em superquadra Brasília. Autor: Mario Fontenelle. Arquivo Público do Distrito Federal.
Canteiro de obras em superquadra de Brasília. (Foto: Mário Fontenelle/Arquivo Público do DF)
Operários próximo ao Congresso Nacional. 03/09/1959. Autor: Mario Fontenelle. Arquivo Público do Distrito Federal
Caminhão de operários passa próximo ao futuro prédio do Congresso Nacional, em 1959. (Foto: Mário Fontenelle/Arquivo Público do DF)

 

Ao chegar ao Planalto Central, o candango era encaminhado ao Instituto de Imigração e Colonização (Inic), órgão da Novacap responsável pela triagem dos operários. Lá, ele obtinha seu cartão de identificação (necessário para circular nos acampamentos) e era designado para trabalhar numa das construtoras ou na própria Novacap, onde sua carteira de trabalho era assinada — geralmente, pela primeira vez. Após o fichamento, o migrante era conduzido ao almoxarifado, onde recebia colchão, cobertor e travesseiro. Em seguida, podia fazer uma refeição na cantina do acampamento da construtora contratante ou num dos restaurantes administrados pela Nocavap.

Os serventes eram alojados em grandes galpões. Já os mestres de obra dormiam em pequenos quartos de madeira.

O cotidiano dos trabalhadores de Brasília era duro. Os operários trabalhavam das 6 horas da manhã até o meio-dia, faziam um intervalo de uma hora e depois encaravam novo turno até as 18 horas. Em alguns casos, trabalhavam 14, 15, 16 horas por dia. O salário era pago por horas trabalhadas, e, para aumentar seus rendimentos, muitos faziam serão. Como testemunhou um candango:

“Eu pegava empreitada de 200 horas e com dois dias eu dava ela pronta, dois dias e duas noites. Trabalhava dois dias e duas noites direto assim. Parava, só parava pra almoçar, e à meia-noite tomar o café, o lanche. Aí baixava eu, minha pá e minha picareta e não queria saber”.

Outro candango recorda:

“Nosso lazer era esse: contar história do passado, das pessoas que a gente tinha deixado na terra da gente. Cada um contava a sua história”. O lazer? Quase ninguém nessa época tinha lazer. Aqui não tinha lazer. Aqui tinha que ser igual porco: comer, trabalhar e dormir. […] o ânimo era o melhor possível, o pessoal animado, todo mundo atrás do seu eldorado, não é? Foi muito bom, foi uma época assim, que as amizades da época, era uma amizade, a gente via que tinha, mais sincera, não é?… Eu achei muito bom, isso de ter vindo para Brasília. Talvez se tivesse que começar tudo de novo eu repetiria isso. Mesmo já sabendo de todo o sofrimento que passei.”

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Os acidentes de trabalho ocorriam com frequência, e os operários eram atendidos no hospital geral, construído perto da Cidade Livre e chefiado pelo primeiro médico da cidade, Édson Porto, que viera de Goiânia. Mais tarde foi construído o Hospital Distrital, hoje HDB, e para lá iam os candangos acidentados. O serviço de ortopedia, chefiado pelo médico Campos da Paz, deu origem à futura Rede Sarah.

Muitos trabalhadores morreram, entre eles dois operários soterrados durante a construção da Universidade de Brasília. No local do acidente foi construído o auditório que hoje se chama “Dois Candangos”.

Histórias candangas

Origem do termo ‘candango’

A Festa do Trabalhador

Os guerreiros e os candangos

As casas que estalavam

Contra a farra, dor de barriga

Faíscas de fogo no céu

A Kombi que era caixa de banco

Quanto ganhava um operário

O escrevinhador

Candangos cantores

Homem de um lado, mulher de outro e uma cerca no meio

Carne no varal e olho vivo

Quer comer bem? Vila Planalto

Na falta de pinga, desdobro

As lavadeiras de Luziânia